quarta-feira, 31 de março de 2010

Dos beijos inesquecíveis

Na categoria de beijos inesquecíveis, sempre elegemos aquele beijo apaixonado iluminado pelo reflexo da tela, ou aquele dado sob a proteção da sombra de uma árvore numa noite adolescente, o beijo roubado, até mesmo aquele beijo de despedida temperado pelo sal das lágrimas que escorrem é lembrado.

Também tenho uma lista de meus beijos inesquecíveis. De tempos em tempos a lista é refeita. Alguns beijos são jogados fora – não eram tão inesquecíveis, outros são incluídos à medida que novas paixões nascem e morrem. O último beijo está sempre lá, ocupando o lugar do penúltimo.

Se tivesse que escolher um único beijo para chamá-lo de inesquecível, não teria dúvida sobre qual seria: o beijo que não foi dado. O beijo ansiado, desejado e que esteve na iminência de ocorrer. Aquele que deixou as mãos trêmulas e o coração a disparar a cada risada que fazia nossos rostos se aproximarem. Aquele que quase aconteceu quando cochichei coisas absurdas no teu ouvido ou ainda quando meus lábios tangenciaram os teus na porta da tua casa. O beijo que não conheço o sabor, mas que pode permanecer perfeito porque idealizado fora e idealizado continua. Tem o sabor, a forma, a duração que imaginar. O beijo que, na minha memória, pode ser repetido infinitas vezes, todas diferentes, todas perfeitas. Inesquecível porque seria a uma só vez o começo de tudo que poderia ter sido e a despedida do que fomos juntos.

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