segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Solidão

O sol que atravessava a fresta da janela projetava uma luz suave sobre a cama desarrumada. Também iluminava o armário quase vazio. Apenas umas duas camisas velhas e uma meia-calça desfiada. Tudo o que restou de ti naquele quarto, além do teu cheiro nos lençóis. Por dias aquele cenário permaneceu inalterado. Só a minha aparência cada vez mais moribunda mudava lentamente o ambiente no qual um dia transbordamos nossas alegrias. A cada dia, passava mais horas deitado na cama por fazer. As lágrimas já haviam varrido o teu cheiro dos tecidos que me cercavam. O mesmo ritual todos os dias: deitar naquela cama, olhar para o armário vazio e principalmente segurar o telefone esperando uma chamada, uma mensagem tua dizendo adeus, já que não o fizeste ao sair. Ao cabo de uma semana, este ritual tornou-se a descrição mais completa do uqe é solidão: o quarto desarrumado, o armário vazio e o telefone que não toca. Sei que ele continuará cruelmente mudo. A perpetuação de minha solidão.

2 comentários: