quinta-feira, 18 de junho de 2009

Decepção temperada com bouquet garni

Ele sabia que ela gostava daquele prato exótico. Buscou, revirou, até encontrar uma receita. Não podia ser qualquer uma. Tinha que parecer com aquela que ela apreciava. O mais difícil foi encontrar os ingredientes. Cozinhar, para ele, era uma forma de amar. Ele tentava, por um instante, imaginar sê-la para ter certeza que tudo estaria do seu gosto. Ao final, ele estava certo que ela aprovaria. Quem mais poderia fazer aquilo por ela? Mandou-lhe uma mensagem falando da surpresa que fizera pra ela. Ansioso, esperou uma resposta. Olhava para o prato e a imaginava sorrindo após tê-lo acabado. A resposta não veio. Passou o primeiro dia. O segundo e o terceiro vieram mais demoradamente, porém a resposta não. A resposta nunca viria. Ele via o prato, mas não mais a enxergava. Aquele cheiro lhe dava ânsia de vômito. Quanto aos ingredientes que sobraram? Ah, a geladeira tornara-se um necrotério de legumes podres, seu peito um cemitério de antigos sentimentos bons.

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